Assim como um motorista precisa aprender o básico sobre a mecânica do seu veículo para compreender o seu funcionamento, o designer precisa dominar o mínimo sobre tipografia e conhecer a anatomia dos tipos para conseguir explorar o seu potencial em prol de seus projetos.
Neste artigo você vai aprender sobre a anatomia dos tipos, conhecer seus elementos básicos, construção e conceitos.
Vou usar como referência para a apresentação dos elementos da anatomia dos tipos a obra de Gavin Ambrose e Paul Harris, Tipografia, da série Design Básico, e o trabalho publicado pela Joana Lessa, da Escola Superior de Educação e Comunicação, Universidade do Algarve. Fiz o upload de uma cópia neste link caso o original saia do ar.
A anatomia é o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. No nosso caso, a anatomia dos tipos servirá para estudar a estrutura e a organização dos tipos.
O que é uma serifa? O que é um ascendente? Um descendente? Termos comuns na tipografia e que passarão a ter um significado claro a partir de agora.
Com base no livro, construí um cartaz apresentando a estrutura dos tipos, denominando cada uma das partes que os compõe. Abaixo deixo uma cópia em imagem de alta qualidade para você baixar.
Você pode baixar a versão em PDF e editável deste cartaz clicando aqui.
A definição dos termos aplicados numa área implicam um esforço de sistematização, tendo em vista a adequação, a coerência, e melhor relação objeto-palavra dentro de uma língua.
Os termos utilizados aqui não são uma lista definitiva e são resultado de pesquisa e levantamento feito através de investigações desde 1999 aos dias atuais.
Foram colhidos a partir de manuais de tipografia, que são reconhecidos através de editoras, de autores, e são ensinados em universidades e cursos especializados.
Foram reunidos termos originais nas línguas inglesa, francesa, e castelhana, principalmente, e convertidos numa linguagem que consideramos adequada ao contexto e ao uso.
Considera-se que, até o momento, conseguimos estabilizar um conjunto fundamental e útil para a identificação, comunicação e trabalho em questões tipográficas. Sendo esta, como outras áreas do conhecimento, alvo de atualizações contínuas.
Traço: Refere-se especificamente à parte diagonal de letras como N, M ou Y. Hastes, barras, braços, bojos, etc. são chamados coletivamente de traços de letra.
Filete: O traço mais fino de um tipo que tem várias espessuras. Pode ser claramente identificado em um v ou a.
Laço: Traço que encerra, ou encerra parcialmente, a contraforma em uma romana. Às vezes é usado para descrever as partes cursivas do p e b.
Apoio: A parte curva da serifa, que se conecta com o traço.
Estresse: Direção na qual um traço curvo muda de peso.
Queixo: A parte angular terminal do G.
Ápice: Ponto formado na parte superior de um caractere, como A, onde o traço da direita e o da esquerda se encontram.
Ombro ou Corpo: Arco presente em h ou n.
Terminal: Descreve o acabamento de um traço. Arial tem terminais retos, sem decoração; já Times New Roman tem terminais agudos. Outras variações incluem teminais alargados, convexos, côncavos e arredondados. Esse últimos têm acabamentos circulares, também conhecidos como “remates”.
Vértice: Ângulo formado na parte inferior de uma letra onde o traço da esquerda e o da direita se encontram, como no V.
Ascendentes e descendentes: O ascendente é a parte de uma letra que se estende acima da altura-x; um descendente avança abaixo da linha de base.
Perna: O traço mais baixo inclinado em direção à linha de base de K, k e R. Às vezes é usado para a cauda do Q.
Serifa: Pequeno traço no final de um traço principal vertical ou horizontal.
Espinha: O traço curvo da esquerda para a direita em S e s.
Braço: Traço horizontal que é aberto em uma ou ambas as extremidades,
como visto em T, F, E e também o traço ascendente do K
Cauda: O traço descendente de Q, K ou R. Os descendentes de g, j, p, q e y também podem ser chamados de cauda, assim como o laço do g.
Ligação: A parte que junta os dois bojos do g com dois andares.
Orelha: O lado direito do bojo do g, e o final de um r ou f, por exemplo.
Haste: O traço principal vertical ou diagonal de uma letra.
Travessa: O traço horizontal em A, H, T, e, f e t. Às vezes é chamado de trave. Uma travessa cruza uma única haste.
Bojo: A contraforma é o espaço vazio dentro dos traços de uma letra, e está rodeada por um bojo. A contraforma pode ser chamada de olho no caso da letra e.
Trave: O traço horizontal em A e H. Uma trave une duas hastes.
Forquilha: O local onde a perna e o braço de K e k se encontram.
Altura-x (ou altura de x)
Um termo muito comum utilizado no meio criativo quando falamos em tipografia é a altura-x ou altura de x. Uma espécie de “unidade de medida” que serve como referência para o tamanho de alguns caracteres.
A altura-x é o termo aplicado à distância entre a linha de base e alinha média de caracteres não ascendentes e também de letras minúsculas.
A observação da altura-x é importante para solucionar problemas de legibilidade tipográfica no estágio projetual de um família tipográfica.
Comparada com a altura do M maiúsculo, mostra o tamanho relativo do tipo, ou a proporção entre o tamanho do corpo e dos ascendentes.
Dessa maneira, letras com uma maior altura de x possuem os caracteres maiores em relação a outras com o mesmo corpo. Em contrapartida, quanto maior for a altura x de uma família de tipos, mais prejudicada é a sua legibilidade.
A letra x serve como um indicador, pois é plana no topo e na base, a altura-x é muito usada como referência também em layouts para o posicionamento de imagens e blocos de texto, embora muitas vezes sua referência seja baseada em outro caractere, caso o x não esteja presente.
No exemplo acima, a medida x foi determinada com base na letra n da palavra Senac.
É claro que existe um limite a partir do qual a legibilidade é prejudicada por falta de distinção entre os caracteres, por exemplo entre o “n” e o “h” e entre o i e o l.
Além disso, a forma das palavras, causada pelos ascendentes e descendentes, é um fator importante no reconhecimento das palavras e na leitura eficiente, de modo que descendentes menores prejudicam a compreensão da forma geral.
No século XIV, alguns estudiosos chegaram a propor tipos sem ascendentes, que ocupassem todo corpo, para otimizar o espaço impresso, mas essas experiências não provaram ser melhores do que utilizar um tamanho menor correspondente.
Seguem algumas referências para você continuar a sua leitura.